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TAPAS: o Yoga verdadeiro não é feito para agradar, pois não há transformação sem sacrifícios

  • Foto do escritor: Riserva Zen Yoga Life
    Riserva Zen Yoga Life
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

Em um tempo em que o bem estar se tornou uma indústria e o conhecimento se dilui em fórmulas prontas e confortáveis, poucos conceitos do Yoga se mantêm tão implacavelmente honestos quanto Tapas. Esta palavra sânscrita, apresentada nos Yoga Sutras de Patanjali como um dos cinco Niyamas — observâncias individuais no caminho do Yoga — é frequentemente traduzida como disciplina ou austeridade. No entanto, sua essência vai muito além. Tapas é o calor do sacrifício, a ardência interna que acompanha qualquer tentativa sincera de transformação. É o desconforto inevitável que surge quando se escolhe crescer. E talvez por isso, seja hoje mais urgente do que nunca.



Disciplina com ardência: o custo real da transformação


A raiz etimológica de Tapas está ligada ao fogo, à incandescência. Não é um conceito leve ou metafórico, mas uma experiência real — psicológica, emocional e física — que acompanha o esforço de sair da inércia de velhos padrões comportamentais e cognitivos. Em uma época que celebra o “bem estar instantâneo” e o alívio a qualquer custo, Tapas nos lembra de que o desconforto faz parte do caminho da excelência.


Esse princípio está ancorado na lógica fundamental do Sistema do Yoga: modificar padrões mentais, emocionais e comportamentais exige energia, foco e sacrifício. É preciso renunciar ao prazer da repetição automática para cultivar novos hábitos. Patanjali ensina que Tapas, Svadhyaya (autoestudo) e Ishvarapranidhana (entrega ao supremo) constituem a tríade do Kriya Yoga, o núcleo da prática transformadora. Entre elas, Tapas é a força motriz — o combustível da mudança, mesmo quando ela arde.


Sentir desconforto, portanto, não é um sinal de que algo está errado na jornada de autoconhecimento e transformação; ao contrário, pode ser a confirmação de que se está no caminho certo. Pois como disse certo autor: “toda pessoa pode optar por dois sofrimentos na vida — o da disciplina ou o do arrependimento.”




Sustentar o intento: quando o sacrifício revela a autenticidade


Praticar Tapas é sustentar o intento da transformação mesmo quando tudo dentro de nós clama pelo retorno ao conforto conhecido. No Yoga, essa sustentação é reforçada por dois princípios complementares: Abhyasa (esforço contínuo) e Vairagya (desapego). Em outras palavras, não basta apenas querer mudar — é preciso repetir, todos os dias, a escolha de abandonar o que não está em conformidade com nossa natureza mais autêntica, sem se apegar aos resultados imediatos.


Esse tipo de sacrifício — que envolve tempo, energia e coragem — é muitas vezes silencioso. Não tem a pompa dos rituais nem a visibilidade das conquistas externas. Mas é nele que reside a verdade da prática. Pois apenas aquele que passou pelo calor da transformação pode conhecer a leveza de viver com integridade e harmonia.

Num mundo que valoriza atalhos e promessas rápidas, Tapas é o lembrete de que o Yoga verdadeiro não é feito para agradar, mas para despertar. E despertar, quase sempre, dói. Mas também liberta.





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